Instalação
Fetiche
“Só complica quem quer“
Quando fui confrontada com a necessidade de desenvolver um projeto de arte pública, duas opções de fundo se perfilaram desde o início: ou entregar-me a uma reprodução não agressiva e não realista ou pelo contrário tentar reproduzir simbolicamente uma parte do quotidiano que, enquanto mulher, vivo.
A opção de mulher objeto, surgiu quase instintivamente na sequência desta reflexão. Tratava-se, assim, de criar uma situação em que o enquadramento social do grupo escultórico se pudesse associar a uma crítica de costumes.
Ano: 2003
Local: Jardim da Cascata, Quinta Real de Caxias
Contexto: Exposição de finalistas do curso de escultura da faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Técnica: Resina Poliéster – moldes diretos em gesso de molde de pernas, tamanho real 110cm.
Ano: 2003
Local: Jardim da Cascata, Quinta Real de Caxias
Contexto: Exposição de finalistas do curso de escultura da faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Técnica: Resina Poliéster – moldes diretos em gesso de molde de pernas, tamanho real 110cm.
Quando fui confrontada com a necessidade de desenvolver um projeto de arte pública, duas opções de fundo se perfilaram desde o início: ou entregar-me a uma reprodução não agressiva e não realista ou pelo contrário tentar reproduzir simbolicamente uma parte do quotidiano que, enquanto mulher, vivo.
A opção de mulher objeto, surgiu quase instintivamente na sequência desta reflexão. Tratava-se, assim, de criar uma situação em que o enquadramento social do grupo escultórico se pudesse associar a uma crítica de costumes.
A primeira visão que me ocorreu integrava esta perspetiva num espaço aberto, social e eminentemente público: uma paragem de autocarros, encarada enquanto nicho de comportamentos sociais, pareceu-me interessante para enquadrar os meus objetivos.
Essa paragem, lugar individual enquanto ponto de partida para locais e situações pessoais distintas e coletivo pela sua própria natureza, tinha ainda a capacidade de se desdobrar entre um lugar de observação e um lugar em que se é observado.
Tentava recriar, desta forma, uma sequência de situações em que o duplo papel de observado e observador se sobrepunham de forma nem sempre harmoniosa, já que seria ilusório pensar que numa situação de exposição perante os outros o nosso papel é neutro e que apenas os outros se comportam de forma ativa.
Para mim a relação de desejo, as formas às vezes subtis que este assume levaram-me a representá-lo como painel dos retratos que vejo diariamente. No nosso dia a dia vemo-los representados nas cabeças dos outros tal como eu represento o que nelas sinto.
O molde direto das pernas para resina fibrada, é o material plástico que escolhi, por ser o que se aproxima do acabamento mais real e kitsch.





