Exposição de Pintura
Ritmos Suspensos
A arte da Rita Lima é uma virtuosa e fascinante justaposição de índices visuais que, exaltando volumes, linhas, materiais e cores, nos oferece uma fértil notação das marcas urbanas da Cidade que, por familiares ao nosso quotidiano, as vemos sem as olhar.
É uma escrita pictoricamente texturada, de técnicas mistas e cromaticamente miscigenadas, aberta a uma linguagem nova e criativa que busca e recria as suas próprias ressonâncias íntimas e os sentidos do lugar, muito para além das fronteiras exactas do representado.
Ano: 2007
Local: Livraria Portuguesa, Macau
Organização: IPOR – Instituto Português do Oriente
Técnica: Técnica mista. Acrílico e impressão sobre lona, cartão, arame, cordas.
Ano: 2007
Local: Livraria Portuguesa
Organização: IPOR – Instituto Português do Oriente
Técnica: Técnica mista. Acrílico e impressão sobre lona, cartão, arame, cordas.
A arte da Rita Lima é uma virtuosa e fascinante justaposição de índices visuais que, exaltando volumes, linhas, materiais e cores, nos oferece uma fértil notação das marcas urbanas da Cidade que, por familiares ao nosso quotidiano, as vemos sem as olhar.
É uma escrita pictorialmente texturada, de técnicas mistas e cromaticamente miscigenadas, aberta a uma linguagem nova e criativa que busca e recria as suas próprias ressonâncias íntimas e os sentidos do lugar, muito para além das fronteiras exactas do representado.
Existe nos trabalhos de Rita Lima uma misteriosa intensidade escultórica que modela a realidade através da forma pictórica. Rita Lima pinta, mas também esculpe a essência do quotidiano, dotando-o de um singular valor plástico que é afinal uma procura poética do tempo, construída de significativos silêncios e de vazios repletos, no dizer do Zen, cujo olhar e coisa olhada constituem uma só unidade imanente.
São ritmos suspensos na passagem do tempo, repousados em desdobradas silhuetas que escorrem por entre os dias e nos tocam pela sua solidão, o seu silêncio, a sua quietude, a sua serenidade, a sua abstracção e a sua geometria consubstancial à invisível presença da intervenção humana.
É um tempo estético que nos detém sobre a atemporalidade estática da Cidade, com a sua luz, as suas cores, os seus odores e a sua volumetria, e nos deixa, a descoberto, uma nostalgia desse deambular temporal que nos rodeia.
A arte não reproduz o visível, mas torna visível.
Paul Klee
Relembrando Baudelaire que dizia que a modernidade é o transitório, o fugitivo, o contingente, a metade da arte, cuja outra metade é o eterno e o imutável, a arte de Rita Lima é uma arte subtil, intuitiva, que, sussurrante, invade o território flutuante do ser humano, ambivalentemente repartido entre o sentimento de temporalidade e de errância (o nosso nomadismo fundador) e o de aspiração à eternidade, oferecendo à contemplação do espectador o essencial da arte que, tal como na vida, é invisível e indivisível ao olhar.
Rui Rocha
Vogal Executivo do IPOR
































