Exposição de Pintura
Sim.biose
Desenvolvi este trabalho que teve início numa passagem por Moçambique, mais propriamente na Ilha de Moçambique, que, pela sua riqueza histórica, arquitetónica e toda uma beleza mística, despertou-me um forte interesse pela exploração plástica.
A Ilha de Moçambique, com apenas 4 km de costa, foi, durante 400 anos, o maior centro mercantil marítimo intercontinental, um porto de trocas comerciais na rota da Europa para o Índico, e de fortes influências arquitetónicas árabes, indianas e portuguesas que se misturam. Este porto de abrigo foi considerado património mundial da UNESCO em 1991.
Detalhes
Ano: 2006
Local: Sala do Veado, Museu de História Natural, Lisboa
Técnica: Técnica mista, asemblagem, acrílico, papéis e ferragens sobre madeira.
Analisei diversos fatores, a nível cultural, histórico e arquitetónico, através de registos gráficos e fotográficos das ruínas da ilha.
Fiquei fascinada com tamanha beleza, que apesar de parcialmente destruída, degradada, miserável e muito suja, transmitiu-me a nítida perceção da magnitude do passado.
Detalhes
Ano: 2006
Local: Sala do Veado, Museu de História Natural, Lisboa
Técnica: Técnica mista, asemblagem, acrílico, papéis e ferragens sobre madeira.
Desenvolvi este trabalho que teve início numa passagem por Moçambique, mais propriamente na Ilha de Moçambique, que, pela sua riqueza histórica, arquitetónica e toda uma beleza mística, despertou-me um forte interesse pela exploração plástica.
A Ilha de Moçambique, com apenas 4 km de costa, foi, durante 400 anos, o maior centro mercantil marítimo intercontinental, um porto de trocas comerciais na rota da Europa para o Índico, e de fortes influências arquitetónicas árabes, indianas e portuguesas que se misturam. Este porto de abrigo foi considerado património mundial da UNESCO em 1991.
Analisei diversos fatores, a nível cultural, histórico e arquitetónico, através de registos gráficos e fotográficos das ruínas da ilha.
Fiquei fascinada com tamanha beleza, que apesar de parcialmente destruída, degradada, miserável e muito suja, transmitiu-me a nítida perceção da magnitude do passado.
Cada lugar é mágico, capaz de nos transportar a antepassados, a vivências, que não conheci, mas cujos cenários a imaginação tratou de completar.
Pelo facto de praticamente não existirem janelas nem portas, há a possibilidade de entrar e admirar estes novos espaços, casas que foram ocupadas pelos que se refugiaram da guerra e que por lá permaneceram.
Sem saneamento básico, sem infraestruturas, há como que uma fusão óbvia entre o homem e o meio, uma analogia entre duas naturezas distintas. O homem na conquista da natureza num passado, e num presente a força desta a tomar poder no seu lugar.
Casas que foram casas e hoje são ruínas. Ruínas com átrios de terra e ervas daninhas, escadarias que não levam a lugar nenhum. Paredes descascadas, pondo a nu os diferentes materiais de construção – pedras, madeiras, areias, tintas. As paredes que ainda restam, expostas, com tinta que ainda sobrevive e que se mistura com os fungos da humidade dando lugar ao musgo que se vai instalando. As cores que se alteram com o clima originando tons contrastantes, frios e quentes, provocando dégradés de ocres, verdes, ferrugem, óxidos… As raízes das árvores conquistam o terreno, rompem o chão de mosaicos característico da época e desenvolvem-se como cogumelos.
Casas em que o telhado de origem, já destruído, foi substituído por copa de árvores. Casas apalaçadas, que hoje são jardins interiores a brotarem por todos os orifícios. Janelas e portas, que perderam a sua função, restam-nos como elementos decorativos, capaz de nos transportar a antepassados, a vivências, que não conheci, mas cujos cenários a imaginação tratou de completar.
É entre estas dicotomias que desenvolvi o meu trabalho plástico. Com a pretensão de utilizar apenas matéria geológica que recolhi na ilha e arredores, tais como pigmentos; terras, amarela e laranja; areias, preta e branca; grafite; madeira – serradura; carvão, etc.
Com o objetivo de representar plasticamente parte dessas ruínas em metamorfose.
Rasgo o todo para que da homogeneidade sobressaia o particular.

























