Hora do Re.creio

Nos trabalhos da Rita são evidentes, desde cedo, as influências e reflexos dos locais que, ao longo dos anos, foram o seu quotidiano. As suas primeiras telas mostram Macau e a proximidade da China, recorrendo a traços característicos facilmente detetáveis. Por outro lado, deixam-nos algo de mais íntimo. Uma adolescência no seio de duas culturas distantes que interagem num espaço reduzido.

A formação em Escultura e a passagem por solo africano, mais rápida em Marrocos e prolongada em Moçambique, parecem delinear uma nova relação com a pintura. Maturidade ou não, Revolução, sem dúvida. No modo de pintar, assimilou o sintetismo, os traços simplificados e a projeção da escultura. Na forma de utilizar diferentes materiais e de trabalhar a cor, na tranquilidade com que é retratada a dureza da realidade. Num registo subtil e fantasiado, a crítica chega-nos através da provocação. Manteve-se a névoa de um sonho para lá do real. E a perceção de um mundo gigante em redor, alcançável e com muitos horizontes por explorar.

Filipa  Abecassis